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Espetáculo sobre feminismos favelados e shows estrelados fecham WOW na Maré

 

A Terra que piso é Maré é ovacionado na Areninha, Fáfa, Fat Family, Priscila Senna e MC Luanna animam CAM

Encerrando as atividades do Festival Mulheres do Mundo Wow Rio na Maré, neste domingo, o espetáculo de dança A Terra que piso é Maré, do grupo Mulheres ao Vento, fez da Areninha Cultural Herbert Vianna palco para a celebração muito simbólica da memória, força e ancestralidade da história dos feminismos favelados no território. Já o Centro de Artes da Maré, no sábado e domingo, recebeu os shows estrelados da programação, com a presença de mulheres pesos pesados da cena musical nacional: Kaê Guajajara, Fafá de Belém, Fat Family, Becca Perret com Eliza Tavares, Priscila Senna e MC Luanna. A primeira edição do WOW na Maré terminou com chave de ouro.

 

 

O Mulheres ao Vento é um projeto criado por Andreza Jorge – curadora da dimensão Diálogos do WOW -  e Simonne Alves em 2016, com o propósito de afirmar uma dança antirracista e comunitária, centrada nas experiências e potências das mulheres do Conjunto de Favelas da Maré. Inspirada em um itan (lenda) do orixá Nanã, a montagem reconstrói a relação entre corpo, território e natureza. A história se passa na Nova Holanda, uma das 15 favelas da Maré, e acompanha mulheres que, como a lama de Nanã, são base e origem da vida, sustentando a comunidade com afeto, luta e coragem.

 

 

A abertura conduziu o público por uma travessia poética de palavras e movimentos. Em seguida, o espetáculo tomou forma em gestos e falas muito simbólicas sobre histórias e vivências dos feminismos favelados na Maré, desde os anos 1970. As palavras e os movimentos foram embalados pela presença no palco de uma banda composta exclusivamente por mulheres, que trouxe tambores, vozes e melodias, ecoando ancestralidade e liberdade.

 

Entre os aplausos e os olhares de admiração da plateia, destacaram-se as presenças de filósofa e referencial nacional do feminismo negro Sueli Carneiro, da ex-ministra da Justiça da França Christiane Taubira, da deputada Renata Souza, além das fundadoras da Redes da Maré, Eliana Sousa Silva e Helena Edir, que se emocionaram ao ver a história de grandes mulheres do território da Maré sendo contada através da arte.

 

 

 

“Não vão nos matar agora. Essa peça eu dedico àquelas que vibram e vivem. Nossas vidas se manifestam umas nas outras”, recitou Andreza Jorge, nas palavras de encerramento do espetáculo. 

Ao final, a performance foi ovacionada pelo público e a Areninha se tornou uma grande roda de dança e celebração coletiva.

Dança, movimento e público engajado também não faltaram nos shows da programação artístico cultural do WOW no sábado e domingo, no CAM. Cada artista ao seu estilo levantou a plateia, que cantou junto, aplaudiu e se deixou levar pelos sons de cantoras incríveis, cheias de carisma. No sábado, Fafá de Belém fez sua estreia na Maré celebrando suas origens, com uma música chamada Amazônia, já em clima de COP 30. A cantora de Belém, conhecida pela simpatia, fez todo mundo cantar alto ao som do hit Vermelho. O trio do Fat Family seguiu na mesma vibração animada da noite, com 12 canções para lá de dançantes, incluindo seus clássicos Eu não vou e Jeito sexy. No domingo, a festa começou cedo com a DJ Laís Conti, e continuou com Becca Perret com participação especial de Eliza Tavares, Priscila Senna e MC Luanna.

 

 

Durante a apresentação, a rainha do brega Priscila Senna se aproximou da plateia e interagiu com o público. Em seguida, interpretou músicas escolhidas por quem assistia ao show, levando os fãs ao delírio. E, para completar, depois do encerramento, a artista recebeu seus seguidores no camarim. Uma fila se formou do lado de fora, com pessoas aguardando para encontrá-la. Fechando a noite, MC Luanna levou seu rap para a Maré, com o público respondendo à altura e cantando os hits.

“Para nós ter cantoras assim na Maré foi um grande privilégio”, afirmou Sendy Silva, bailarina e tecedora da Redes da Maré, que dançou no Mulheres ao Vento mas também não perdeu os shows no CAM. “Um privilégio a gente estar na nossa casa, poder dançar, num momento só nosso. O festival como um todo foi incrível.”

Na avaliação de Eliana Sousa Silva, diretora geral do Festival Mulheres do Mundo no Brasil, a terceira edição do encontro no Rio, que foi também a primeira na Maré, foi um sucesso:

 

“Estou aliviada e muito contente de poder ter ousado no sentido de tornar isso uma coisa concreta para tantas pessoas. O WOW na Maré foi um processo coletivo que envolveu tantas pessoas, tantas inteligências e no final foi muito maravilhoso”, concluiu. 

Em 2027 tem mais Festival Mulheres do Mundo na Maré, prometeu Eliana. 

Veja como foi o segundo do Festival aqui.